Diário do Comércio
O CNC (Conselho Nacional do Café) tem mantido contatos com as cooperativas de cafeicultores, inclusive com representantes da entidade visitando as lavouras, para avaliar os efeitos das adversidades climáticas do ano passado, acrescidas do veranico de janeiro deste ano, sobre os cafezais brasileiros.
"É nítida, até o momento, a menor quantidade de frutos nos pés, com a má formação das rosetas, bem como a desuniformidade dos grãos, o que, inegavelmente, já impactará de forma negativa no volume a ser colhido em 2015. Teremos uma ideia real do tamanho que essa quebra poderá ter somente no final deste mês, quando a Fundação Procafé finalizará as pesquisas de campo que está realizando a pedido do CNC", ressaltou, em nota, o presidente da entidade, Silas Brasileiro.
Conforme o dirigente, observou-se, neste início de mês, o retorno das precipitações em algumas regiões do cinturão produtor, mas as chuvas vieram em volumes aquém da média para o período e de forma intercalada, não sendo suficientes para a recuperação do armazenamento de água no solo.
"Por outro lado, devemos monitorar a questão climática e aguardar que as precipitações voltem em sua escala normal, de maneira que os frutos do café possam completar seu ciclo de granação e não registrarmos uma quebra ainda maior na colheita deste ano", observou.
De acordo com Brasileiro, outro reflexo que foi observado nas lavouras do país, devido ao clima irregular, foi o menor desenvolvimento dos internódios do cafeeiro que, em média, encontram-se com um atraso de dois a quatro nós em seu crescimento, totalizando cerca de seis nós, quando, para esta época do ano, normalmente deveriam somar de oito a 10.
"Esse cenário se justifica pelo estresse hídrico de 2014 e pelo atraso das chuvas neste ano, os quais não permitirão que seja observado o crescimento padrão de aproximadamente 15 nós ao ano e, conseqüentemente, comprometerá a produção 2016, haja vista que são nesses nós que nascem os frutos das safras futuras", avaliou.
Mercado
No início deste mês, as cotações futuras do café apresentaram discreta recuperação, com os investidores voltando a se preocupar com os impactos das perdas da safra 2015 do Brasil no equilíbrio entre oferta e demanda mundial e, também, com a perspectiva de uma baixa produção em 2016. Embora tenha chovido em parte das regiões produtoras nacionais, especialmente em Minas Gerais, especialistas consideram que os danos derivados do clima quente e seco dos últimos meses já são irreversíveis.
Reforçando o cenário de aperto de oferta, as exportações brasileiras de café continuaram elevadas em janeiro, pressionando ainda mais os estoques. Segundo dados do Mdic (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior), o país embarcou 2,725 milhões de sacas de 60 kg de café verde no mês passado, volume 7% superior ao de janeiro de 2014. A receita cambial apresentou elevação de 61% no período, para US$ 546 milhões ante os US$ 339 milhões registrados no mesmo mês do ano passado.


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